Resenha Literária: Eu, Robô - Isaac Asimov

Publicado em 08/04/2019


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Sinopse: Sensíveis, divertidos e instigantes, os contos de Eu, Robô são um marco na história da ficção científica, seja pela introdução das célebres Leis da Robótica, pelos personagens inesquecíveis ou por seu olhar completamente novo a respeito das máquinas. Vivam eles na Terra ou no espaço sideral; sejam domésticos ou especializados, submissos ou rebeldes, meramente mecânicos ou humanizados, os robôs de Asimov conquistaram a cabeça e a alma de gerações de escritores, cineastas e cientistas, sendo até hoje fonte de inspiração de tudo o que lemos e assistimos sobre essas criaturas mecânicas.

Gênero: Conto, Ficção Científica, Literatura Fantástica | 320 páginas | Editora Aleph | Classificação: ★★★✩ — Bom

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Confira a resenha de um dos maiores clássicos da literatura de ficção científica, Eu, Robô, criado pelo escritor russo, Isaac Asimov



Nesse universo futurístico e conceitual do escritor Isaac Asimov, exploramos o surgimento dos robôs, de grandes Máquinas pensantes e da expansão humana para mundos interplanetários, tudo isso através de 9 contos. O livro nos informa, pela primeira vez, sobre as famigeradas Leis da Robótica — diretrizes rígidas que forçam os robôs a submeterem-se a três leis e as diferentes interpretações sobre essas leis que são demonstradas pela psicóloga-roboticista, Susan Calvin, que narra e participa de alguns contos do livro em forma de uma entrevista.

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B9 / Reprodução
Houve um tempo em que o homem enfrentou o universo sozinho e sem amigos. Agora ele tem criaturas para ajudá-lo; criaturas mais fortes que ele próprio, mais fiéis, mais úteis e totalmente devotadas a ele. A humanidade não está mais sozinha

No início do livro já é exposto ao leitor quais são as 3 Leis da Robótica: 1) Um robô não pode ferir um humano ou permitir que um humano sofra algum mal; 2) Os robôs devem obedecer às ordens dos humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a primeira lei; e 3) Um robô deve proteger sua própria existência, desde que não entre em conflito com as leis anteriores. Essas regras foram feitas para manter a paz entre máquinas e seres humanos, pelo menos em teoria...

Depois disso, a história realmente inicia quando um(a) jovem repórter faz uma entrevista com a psicóloga de robôs Susan Calvin que, estando próxima de se aposentar, conta os pontos altos de sua carreira numas das maiores (ou na maior) empresa de robótica no mundo e no universo, a U.S Robots and Mechanical  Men

Cada um desses contos fala sobre um tema específico e sempre expõe uma reflexão diferente. Seja discorrendo sobre as semelhanças entre autômatos e seres biológicos, sobre o futuro próspero ou aterrador da raça humana, sobre o avanço da ciência e da tecnologia ao longo das décadas ou, simplesmente, narrando as divertidas e loucas aventuras de dois cientistas excêntricos, o livro de Asimov era muito a frente de seu tempo e uma obra que ultrapassou a ficção.

robôs isaac asimov
Stragonapolina / Repodução
Eu não aceito afirmações apoiadas em autoridade. Uma hipótese deve ser sustentada pela razão, de outro modo é inútil... e contraria todos os preceitos da lógica supor que vocês me criaram

Tenho de confessar que Eu, Robô foi o primeiro livro que li do autor e que também foi o primeiro livro de contos e de ficção científica que leio. Isso acabou por afetar meu julgamento sobre o livro. Nunca me interessei por livros com essa temática. A história contada por Asimov foi a primeira que chegou a ter minha atenção. Porém, como nunca li nada do tipo, isso gerou um problema. Por mais "curta" que a história seja, eu senti que demorou muito tempo para ler apenas 9 contos e a palavra que descreveria essa leitura seria cansativa. Mas não me critiquem, esse problema foi 100% da minha parte porque não conseguia entender muito do que estava escrito e meu raciocínio se tornou lento. Simplesmente não é o tipo de livro que estou acostumada a ler. Não irei desistir de Asimov, prometo.

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Para os fãs de ficção científica esse livro é uma obra prima e, certamente, merece muito mais do que estou classificando. Muitas das coisas descritas por Asimov se tornaram uma realidade neste século e é surpreendente pensar que algo assim foi idealizado entre 1940 e 1950! Durante os contos é possível perceber isso por causa de referências histórias daquela época, sem falar nas invenções que foram "evoluídas" pela brilhante mente de Isaac.

Li resenhas ruins que diziam que a maioria das invenções e situações futurísticas criadas por Isaac Asimov foram cópias de outros autores que já haviam as idealizado na época e que a única coisa meramente digna criada pelo escritor foram as Leis da Robótica. Eu discordo plenamente.

Primeiro de tudo, certamente já existiam essas coisas na época, assim como já existiam livros antes desses autores saberem escrever, mesmo existindo um turbilhão de ideias contidas dentro de diversos livros diferentes, nenhum livro realmente bom será igual mesmo principiando da mesma ideia. Segundo, Asimov não copiou os autores da época; ele se inspirou nas histórias de outros autores para criar algo único e diferente dos livros da época.

As histórias sobre robôs escritas naquele tempo demonstravam um "complexo de Frankenstein" sobre os mesmos; eram histórias sobre máquinas que se voltavam contra os próprios criadores ao desenvolver uma "personalidade maligna ou assassina". Isaac Asimov decidiu mudar isso criando as 3 Leis da Robótica, leis que podiam dar "diferentes personalidades" aos robôs. Agora, robôs não eram apenas maus, também poderiam ser engenhosos, maléficos, gentis, arrogantes ou apenas inteligentes de acordo com suas interpretações sobre essas leis.

Não é à toa que o autor é considerado um dos "Pais da Ficção Científica", praticamente foi o criador do termo robótica e, como o cientista que era, influenciou (e influencia) diversos cientistas e pesquisadores no que hoje é conhecido como Inteligência Artificial.

➤ Quer conhecer mais livros de ficção científica? Leia também a resenha do livro A Guia da escritora Evany C. Campos

Vi muitas pessoas recomendando Cavernas de Aço, também de Isaac Asimov, para ler. Eu ainda não cheguei a ler, mas eu recomendo de todo modo. Também recomendo que vocês leiam o resto dos livros da série Eu, Robô (é uma série se vocês não sabem). Além de outras séries do autor como: Fundação e Império.


LIVRO X FILME


will smith eu robô 2004 isaac asimov
Reprodução / Reprodução

Chegamos na parte que eu queria discutir. É possível que as pessoas se lembrem mais desse filme do que o próprio livro. O livro não foi lançado diretamente, mas sim em partes e fora de ordem. Asimov apenas acrescentou a entrevista com Susan Calvin para poder unir todos os contos e gerar algo coerente. E posso dizer que Eu, Robô é apenas um livro introdutório para o resta de sua série e de outras séries do autor.

Depois de terminar de ler o livro de Asimov, revi o filme e li resenhas sobre o que os fãs e não-fãs de ficção científica acharam sobre o filme em comparação com o livro. Continuem lendo para saber sobre as opiniões ou sobre o filme em si.

filme will smith eu robô bridget monayhanSinopseEm 2035, a existência de robôs é algo corriqueiro, sendo usados constantemente como empregados e assistentes dos humanos. Os robôs possuem um código de programação chamado Leis da Robótica. Essas leis parecem ter sido quebradas quando o Dr. Lanning aparece morto e o principal suspeito de ter cometido o crime é justamente o robô Sonny. Caso Sonny realmente seja o culpado a possibilidade dos robôs terem encontrado um meio de quebrarem as Leis da Robótica pode permitir que eles dominem o planeta, já que nada mais poderia impedi-los de subjugar os seres humanos. Para investigar o caso é chamado o detetive Del Spooner (Will Smith) que, com a ajuda da Dra. Susan Calvin (Bridget Monayhan), precisam desvendar o que realmente aconteceu.


Gênero: Ficção Científica, Ação | Nacionalidade: EUA | Duração: 2h00min | Direção: Alex Proyas | Elenco: Will Smith, Alan Tudyk, Bridget Monayhan, etc | Classificação: ★★★✩ — Muito bom!

O filme Eu, Robô conseguiu demonstrar bem um futuro tecnológico no planeta Terra, assim como o avanço e envolvimento cibernético em Nerve. O modo como o diretor incorporou bons efeitos especiais (pra época), criar uma história completamente nova e empolgante foi incrível. Sonny é um exemplo perfeito da intenção de Asimov de desenvolver robôs que possam ter personalidades diferentes e ser companheiro dos humanos ao invés de algo letal.

➤ Leia a resenha do livro que deu origem ao filme Nerve

Infelizmente, por mais que algumas coisas no filme tenham vindo do livro de Isaac, não há muitas coisas que têm relação com a obra do autor. Li críticas insultando o filme e concordo com algumas afirmações, como o fato dele ser o contrário das ideias do escritor russo. Mas posso afirmar que o problema está no olhar de leitor. Como assim olhar de leitor? É comum encontrar leitores que amam fazer comparações do livro com o filme (como estou fazendo agora haha), porém no próprio filme de Alex Proyas não está escrito que ele foi adaptado do livro do autor, e sim inspirado.

Por isso que digo que por mais que tenham elementos do livro de Isaac Asimov, o filme deve ser visto como algo à parte e não comparado com a obra original. Como filme ele se sai muito bem, porém gostaria que tivesse outros elementos da criação do primeiro livro da série Robôs, caso ele fosse realmente uma adaptação.

O que eu gostei: é um filme de ação então escolher Will Smith para ser protagonista foi genial. A tecnologia, como havia dito, está muito bem representada no filme. Uma coisa que eu gostei (mas que também não gostei) está no momento em que os personagens principais descobrem quem é o verdadeiro "vilão" da história, penso eu que inspirado nos contos Evasão e O Conflito Evitável do livro, só que com a "síndrome de Frankenstein". O personagem Sonny também foi muito bom, a forma como ele era bastante semelhante aos humanos (até tendo sonhos), inspirado nos contos Razão e Um Robôzinho Sumido (esse conto especialmente deu origem ao filme). Por fim, gostei da única cena de reflexão do filme. Ah! E o carro do Del Spooner é muito maneiro e foi criado especialmente pro filme.

Pra quem gosta de um bom filme de ação com investigação policial num mundo futurista pode ver esse filme tranquilamente. Como eu já havia dito, se você vê-lo sem o olhar de leitor é algo muito bom. Tirando essas certas coisas:

O que eu não gostei: concordo com uma resenha que li que diz que a Dra. Susan Calvin é, como posso dizer, sonsa nesse filme e que se deixa levar facilmente pelas emoções. Não queria fazer uma comparação, mas a Susan Calvin do livro é fria, lógica e genial (e uma senhora de idade). Não ligo que o filme seja o contrário dos ideais de Isaac, mas a lógica usada para isso não foi muito boa. Eu simplesmente não gostei da forma direta com que essa lógica foi usada. Senti falta da questão interplanetária, seria incrível mostrar no filme que a raça humana chegasse num ponto em que eles explorassem e até trabalhassem em outros planetas (como no livro), nem que fosse só uma menção. Deu pra entender que os humanos se tornaram um Del Spooner no final do filme porque, certamente, eles passaram a odiar os robôs. Não queria fazer uma comparação, mas no livro fez mais sentido pra mim o fato dos humanos (nem todos) já odiarem os robôs a partir da criação deles.

Essa questão é abordada no jogo Detroit: Become Human aonde humanos e androides convivem normalmente, mas há grupos que odeiam essas máquinas por diversos motivos, principalmente pelo fato de que acrescentá-los na sociedade tornou-se possível que ocorresse uma nova Revolução Industrial aonde androides ocupavam as funções de seres humanos e, como consequência, estes se tornavam obsoletos e desempregados.

➤ Dê uma checada no trailer do jogo Detroit: Become Human

Só posso dizer para vocês procurarem ler essa série de livros e as outras séries do autor. Se quiserem ver ou não o filme, fica por conta de vocês. Há pessoas que gostam do filme e pessoas que praticamente odiaram e nem recomendam. Meu único conselho é que tenham a mente aberta, deem uma chance para este gênero ou se vocês já são apaixonados por ele, procurem conhecer mais.


Você tem algum outro livro de ficção científica pra sugerir? Algum favorito? Ou algum filme? Conhecia Eu, Robô (livro e filme)? Comenta aí embaixo, adoraria ler seu comentário! Mas sem spoiler, viu?
XOXO, Cah 

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