Resenha Literária: A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata - Mary Ann Shaffer e Annie Barrows

Publicado em 15/03/2019



resenha a sociedade literária e a torta de casca de batata
Sinopse: Um romance epistolar surpreendente, encenado nas ilhas Guernsey, no Canal da Mancha, após a Segunda Guerra Mundial. A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é uma celebração da vida através da literatura.

O título conta a história de Juliet Ashton, uma escritora em busca de um tema para seu próximo livro.

Ela acaba encontrando-o na carta de um desconhecido de Guernsey, Dawsey Adams, que entra em contato com a jornalista para fazer uma consulta bibliográfica. Tem início aí uma intensa troca de cartas a partir da qual Juliet toma conhecimento da criação do clube de leitura, formado por Dawsey e seus amigos, dos hábitos da ilha, do impacto da guerra e da importância da literatura na vida dos moradores locais.



Gênero: Ficção histórica, Romance epistolar | 304 páginas Editora Rocco | Classificação: ★★★★✩ — Muito bom!



Leia a resenha de A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata, das escritoras Mary Ann Shaffer e Annie Barrows



Nesse romance envolvente e divertido escrito por Mary Ann e sua sobrinha Annie, toda a história é contada através de cartas (e outras formas de comunicação) que são trocadas entre os personagens. O livro nos apresenta a história de um clube de leitura, A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata, criado por simples moradores de uma ilha próxima à Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, descoberta pela escritora inglesa Juliet Ashton que, encantada pela história e pessoas da ilha de Guernsey, decide publicar este acontecimento que mudou muitas vidas, incluindo a sua.

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Blog De Livro em Livro / Reprodução
Talvez haja algum instinto secreto nos livros que os leve a seus leitores perfeitos. Se isso fosse verdade, seria encantador

A história, a princípio, é focada em Juliet Ashton, uma escritora inglesa que ficou famosa ao escrever um livro um tanto cômico sobre a guerra sob um pseudônimo durante a Segunda Guerra Mundial. A Segunda Grande Guerra já havia acabado, então Juliet estava sobre pressão de seu amigo e editor, Sidney Stark, para escrever um novo livro.

Conhecemos a história pessoal e profissional de Juliet em suas cartas. No geral, ela se sente angustiada com o novo livro porque não sabe sobre o que escrever. Ela queria escrever algo que realmente a orgulhasse e que fosse significativo. A solução pareceu cair do céu quando ela recebe uma carta de Dawsey Adams, um tímido fazendeiro habitante de Guernsey, perguntando sobre um livro do escritor Charles Lamb.

Na carta, Dawsey conta como ele encontrou um livro de Charles Lamb — aonde estava escrito o nome e o endereço de Juliet — e o quanto esse tesouro lhe fez rir durante a Ocupação Alemã que ocorreu nas ilhas do Canal (o conjunto de ilhas onde Guernsey se encontra), e como ele foi devidamente usado na Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata de Guernsey.

Juliet fica interessada por esse clube de leitura e, nas histórias sobre ele e sobre as pessoas de Guernsey, encontra mais do que algo significativo para o seu novo livro, algo mais significativo que a proposta de casamento de seu "namorado" Mark Reynolds, algo significativo pra sua vida inteira.


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@_cantinho_meu_ / Reprodução
É isto que eu amo na leitura: uma pequena coisa o interessa num livro, e essa pequena coisa o leva a outro livro, e um pedacinho que você lê nele o leva a um terceiro. Isso vai em progressão geométrica – sem nenhuma finalidade em vista, e unicamente por prazer
Mesmo o livro sendo maravilhoso com seus momentos engraçados, românticos ou descontraídos, também é levado em conta o sofrimento que a Segunda Guerra — especificamente a Ocupação Alemã — causou aos personagens. 

Durante essa semana eu visitei o Museu do Holocausto de Curitiba e pude ter uma visão mais ampla sobre esse assunto. Eu descobri que, assim como os habitantes de Guernsey, muitas pessoas que passaram por isso perderam suas casas ou suas coisas, perderam sua segurança, perderam alguém ou perderam suas vidas, mas aqueles que encontraram a felicidade nas pequenas coisas como a Sociedade encontrou nos livros, aqueles que não abaixaram a cabeça diante de tanta maldade como Elizabeth — uma das fundadoras da Sociedade — fez quando precisaram de sua ajuda, aqueles que ainda tinham esperança como Eben — outro fundador da Sociedade — teve quando as crianças de Guernsey tiveram que sair da ilha, essas pessoas resistiram até o fim, sobrevivendo ou não.

Por isso esse livro é especial para quem gosta de romances históricos, histórias de guerra ou, simplesmente, uma história emocionante. Para os apaixonados por livros, você vai se sentir como se os personagens fossem seus melhores amigos, cada um a sua maneira. 

Um livro que me lembra o estilo de A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata seria O Diário de Anne Frank. Os dois livros são semelhantes pela forma pessoal que nos aproximamos dos personagens, pela partes cômicas, mas também pelas tragédias que o Holocausto trouxe.




Toda esse assunto explorado de uma forma simples me fez adorar essa história. Infelizmente, a escritora Mary Ann Shaffer já faleceu, mas a visita dela à Guernsey foi real e ela trabalhou firmemente para terminar o livro, até mesmo com uma ajuda final de sua sobrinha, Annie Barrows, que largou o livro que estava escrevendo para terminar o de sua tia quando a própria estava de cama.

LIVRO X FILME


@misslivros / Reprodução
Apesar do livro ter sido publicado há anos atrás, a sua adaptação cinematográfica foi lançada pela Netflix no ano passado. Eu quis ver esse filme desde 2018 porque achei a sinopse interessante. Acabei assistindo ele apenas recentemente e adorei o filme. Quando eu terminei de ver, eu descobri que havia um livro. Logo, tratei de lê-lo, e assim como Nerve e outros livros que foram adaptados, gostei mais do livro do que do filme. Mas não estou desmerecendo o filme, ele também foi muito bom.

➤ Confira a resenha do livro que deu origem ao filme Nerve

filme netflix a sociedade literária e a torta de casca de batataSinopse: Juliet Ashton (Lily James) é uma jovem escritora, com falta de inspiração, que logo após a Segunda Guerra Mundial recebe uma carta de um membro da misteriosa Sociedade Literária de Guernsey, uma organização formada durante o período de ocupação nazi. Curiosa, Juliet decide ir até às ilhas de Guernsey e encontra-se com os excêntricos membros da Sociedade Literária e Torta de Casca de Batata, entre os quais se encontra Dawsey (Michiel Huisman), o charmoso e intrigante agricultor que esteve na origem da carta. As suas confidências, a sua ligação à ilha e aos seus habitantes e a crescente afeição que nutre por Dawsey irão para sempre mudar o curso da vida de Juliet.

Gênero: Drama, Histórico | Nacionalidade: Reino Unido, EUA | Duração: 2h04min | Direção: Mike Newell | Elenco: Lily James, Michiel Huisman, Matthew Goode, etc | Classificação: ★★★★✩  Muito bom!

O filme trabalhou bem com questões profundas de modo simples e mostrou bem os conflitos que os personagens estavam passando. Porém, como toda adaptação cinematográfica, o filme se mostrou apressado com os eventos da história, o que não ofuscou o objetivo principal do livro. Além da fotografia se manter o mais natural possível, o que trouxe uma beleza aos cenários usados.

O que eu gostei: como eu disse, eu gostei da fotografia natural usada nos belos cenários da história. A representação da maioria dos personagens como: Elizabeth, Isola, Eben, Sidney, Eli, etc. Eles se mantiveram quase intactos na descrição das autoras do livro, principalmente Elizabeth que foi uma personagem que me conquistou tanto no livro quanto no filme. Da importância que deram para à Ocupação Alemã e sobre a dramaticidade que deram para Segunda Guerra (sobre a Segunda Guerra não senti tão traumático no livro, nele eu senti algo mais melancólico). Alguns personagens foram um pouco diferentes de sua personalidade como: Juliet, Dawsey, Mark, etc. Juliet se mostrou mais doce, mais ponderada e mais alegre. Dawsey se mostrou com mais desenvoltura do que seu personagem original. E Mark se mostrou bem mais doce e compreensivo do que seu personagem orgulhoso e autoritário. As cenas cômicas e emocionante me fizeram sentir a coisa certa no momento certo. Além dos "easter eggs" que tinham no filme, por exemplo, o peso de papel do pai de Juliet.

Eu simplesmente me apaixonei pela Sociedade assim como Juliet. Pude sentir a diferença que ela se referia entre Londres e Guernsey. O que Londres parecia deprimente tentando se recuperar depois da Segunda Guerra ao contrário de Guernsey que durante a Guerra construiu esse espírito de comunidade e companheirismo. A paixão que as pessoas encontraram pelos livros em um momento crítico foi familiar pra mim.

O que eu não gostei: não gostou do modo como foi apressado, mas é algo que eu posso relevar. A personagem Kit se mostrou mais doce e tímida do que a menininha desconfiada, alegre e amante de fuinhas do livro. Falando em personagens, Juliet parecia uma pessoa bem mais "comum" no livro do que no filme. Claro que a Juliet do filme é bem legal, mas poderia me imaginar tendo uma conversa amigável ou literária com a Juliet do livro, a mesma que achava que seu cabelo nunca estava bom, que era ruim nos relacionamentos e frustrada como escritora. Outra coisa que eu relevo é o fato de terem criado laços familiares que não existe no livro, por exemplo, o fato de Elizabeth ser filha de Amelia ou irmã de Jane (apesar de eu conseguir imaginar Amelia como uma mãe para Elizabeth). A história de Juliet foi algo mais citado e não foi muito amostrada, de modo que não temos um conhecimento profundo sobre sua vida pessoal ou como escritora.

Certas coisas não foram aprofundadas no filme e eu senti falta de como certos personagens pareciam mais "reais" no livro. Mas acreditem, eu tenho muito mais coisas boas a falar sobre o filme do que coisas ruins. A sensação principal que eu queria era de familiaridade e foi o que eu senti. Por mais que no filme alguns personagens foram mais abordados que outros, eu amei cada um deles.

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Para quem gosta de romance, eu posso dizer que a conexão entre Juliet e Dawsey é bem mais forte no filme, tanto que eles conseguiam se entender mesmo sem dizer muito. Não há muito que eu posso dizer, apenas que o filme é muito bom.


Eu recomendo fortemente que, pra quem não leu e nem viu o filme, leiam o livro antes e vejam o filme depois. Essa foi apenas a minha opinião sobre ambos, por isso aconselho vocês a verem e tirarem suas próprias conclusões. O livro é maravilhoso e emocionante, me apeguei a cada um dos personagens e suas histórias. O filme também é bom, não tanto quando o livro, mas igualmente admirável e romântico. Adorei ler o livro e compartilhar ele aqui com vocês!

Se você já leu o livro ou viu o filme, comente aqui embaixo o que achou! Mas sem spoiler, viu?
XOXO, Cah ❤

4 comentários:

  1. Carol!
    Gosto também de livros ambientados nas guerras e pós-guerra e ver que aqui tem mulheres fortes e que surge o Clube di livro, além do mais, tudo que envolve correspondência me agrada, porque a faço há 40 anos e as cartas são fenomenais em muitos sentidos da minha vida.
    Já anotei para poder ler e claro, assistir o filme, né?
    cheirinhos
    Rudy

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    1. Hey, Rudy! Tudo bem com você? Eu espero que sim.

      Eu também adoro livro sobre guerras e pós-guerra. Apesar de ser trágico, gosto quando tem um certo tipo de superação nessas histórias ou algum tipo de felicidade simples. Tem momentos feministas muito bons nesse livro, acho que a personagem que mais incorpora isso é a Elizabeth (você vai adorá-la). Esse clube do livro é um amor e eu posso sentir, tanto no filme quanto no livro, a paixão que esses personagens têm pelos livros. Eu não sabia o que era um romance epistolar, mas amei esse formato de história contada através de cartas e, principalmente, o jeito que as descrições pareciam simples e não algo narrativo frio e forçado, foi algo mais natural.

      Amo como você continua fazendo isto até hoje. Na minha vida eu não passei muito tempo na "fase das cartas", mas o pouco tempo que eu passei senti que elas eram algo muito especial e conectavam mais as pessoas do que mensagens rápidas através de aparelhos.

      Que bom que você gostou da resenha e que vai conhecer a história também, eu creio que você vai gostar bastante.

      XOXO, Cah.

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  2. Carol que resenha mais incrível.
    Faz um tempinho que venho querendo ver o filme, mas depois desta resenha quero muito ler o livro primeiro.
    Fiquei mesmo é curiosa para saber o que acontece na Sociedade literária da casca de batata, nome um tanto curioso.
    Sou destas apaixonada por um bom romance, então sei perfeitamente que vou me apaixonar pelo filme.
    Sua resenha está incrível Cah, super completa. Parabéns.

    Beijos

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    1. Hey, Jady!

      Obrigada pelas maravilhosas palavras, que bom que você gostou da resenha. Leia o livro sim, ele é muito bom, você vai gostar. O jeito que o nome surgiu é, de fato, bem engraçado e um tanto longo haha. Como eu falei na resenha, é um livro um tanto variado por isso ele é tão legal. Você vai gostar do filme também. Muito obrigada mesmo.

      XOXO, Cah.

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