Resenha literária: De repente esclerosei - Marina Mafra

Sinopse: "Mitali Montez possui um arquivo pessoal de mágoas. Protege e ama incondicionalmente Aurora, sua melhor amiga e única família. É surpreendida pelo destino ao conhecer Dimitri Mifti, um moço com habilidades para derreter o seu coração gelado. O retorno misterioso do pai muda a perspectiva do seu passado, mas é através da adaptação com o diagnóstico de Esclerose Múltipla que ela percebe a necessidade do perdão para encontrar a paz que não sabia que precisava.

Sobre a autora: Paciente de Esclerose Múltipla desde 2012, encontrou nos livros o equilíbrio necessário para a sanidade. Faz resenhas no seu blog literário Resenhando por Marina desde 2015 e resolveu escrever buscando conscientizar mais pessoas sobre a realidade da sua doença."

Gênero: Romance | 269 paginas | Amazon | Classificação: 5 estrelas 

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Hoje venho falar sobre um livro que me emocional e me fez pensar bastante, é sempre assim quando um livro é baseado em algo vivido pelo autor, mas é mais ainda, quando você convive com alguém que passa pela mesma situação.

Após sair de sua cidade natal e conquistar seu próprio apartamento e um emprego onde se senti realizada, Mitali vê sua melhor amiga passar por uma grande perda e a trás para morar com ela.

As duas tem personalidade bem diferentes, Aurora é mandona, ciumenta e meio "paranoica", já Mit é super tranquila e pé no chão. Mesmo com essas diferenças, as duas são como irmãs e uma cuida da outra, afinal, elas não tem mais ninguém para cuidar delas.

Tudo começa a mudar quando Mit começa a ter algumas mudanças no corpo, por exemplo, os formigamentos nas pernas e a mudança na forma de andar (começa a mancar). Depois de uma pequena melhora, ela esquece a recomendação do médico de procurar um Neurologista e continua a viver como antes.

Alguns anos depois, ela ainda continua no mesmo emprego, com o mesmo Chefe (Querido Sr. Braga) morando com Rora. A única coisa diferente é um novo gerente da livraria: Dimitri. Os dois tem química desde o momento em que se conheceram e engatam num relacionamento quase instantâneo.

Mas como a vida gosta de um drama, os formigamento começam novamente, mas dessa vez é pior... Chegam até a cintura e paralisam as pernas de Mit. Só nesse momento é que eles percebem o quão grave pode ser o problema.

Mitali mesmo tendo conquistado sua vida própria, ainda guarda um grande ressentimento do seu pai por não ter sido presente em sua vida e quando ele volta com a intenção de mudar isso, a primeira coisa que ela pensa é que ele a irá decepcionar (Quem não pensaria isso depois de tudo que passou?). E após o diagnostico de Esclerose Múltipla, ela começa a mudar a forma de ver a vida, ver a si mesma e os relacionamentos que ela possui.

"Há dias em que ajudamos e dias em que precisamos ser ajudados. Não importa a nossa personalidade, estamos no mesmo barco"

Confesso que comecei a ler sem muita expectativa, sem ler a resenha e muito menos saber que nome realmente tinha haver com a doença e as situações que a personagem iria passar. Mas conforme fui lendo...

No começo me parecia muito com livros do Wattpad, as coisas acontecia muito rápido e eu pensava: "Como assim?!" (Principalmente sobre Mit e Dimi). Mas depois foi se aprofundando mais na descoberta da doença, nas mudanças que ela causou na vida da personagem e em como seus amigos se comportaram nesse processo.

 Fiquei muito "Brava" com a Rora, sei que ela só queria ajudar, mas as ações dela me causaram muito desgosto.

Mas o livro não foi só isso! Cada coisa que Mit passava, fazia ela mudar, e era para melhor. Perdoar de verdade o pai, descobri novas amizades e em como continuar vivendo mesmo com um diagnostico que seria capaz de fazer algumas pessoas desistirem de tudo.

Foi lendo que descobri que a Autora Marina Mafra, também possui esclerose múltipla e que usou isso para criar essa personagem e expor um lado que muitas pessoas não conhecem.

Eu por exemplo, não sabia dos sintomas (que são variados, depende da pessoa), exames e tipos de tratamentos que alguém diagnosticado com isso passa. Para mim depois de pouquíssimo tempo a pessoa estaria atrofiada e acabou a vida. Mas a Mari, mostra que não é bem assim. A pessoa apesar de ter que usar medicamentos pelo resto da vida, pode continuar vivendo normalmente. Lógico que existe as limitações, mas não é nada que impeça a pessoa de se casar, ter filhos, sair com os amigos e principalmente, ser GRATO pela vida, por cada movimento do seu corpo e da mente.

"Gostaria de ter aprendido isso de outra forma, mas não sei se teria prestado a atenção necessária, se a vida não tivesse me obrigado da pior maneira. Somos resistentes à dor, mas precisamos admitir que a danada ensina como ninguém."

Fui um livro esclarecedor e que irei recomendar sempre, pois fala de algo que mexe com a nossa forma de olhar o que está ao nosso redor e que a vida não para por causa de um obstáculo.