Sua mão era fria e me fez arrepiar inteira com o toque áspero e ao mesmo tempo fofo. Vincente parecia ser um garoto legal e tinha um sorriso muito bonito, não que eu prestei atenção, mas é que é impossível não notar.
Meu avô passou dias falando desta senhora que ele conhecia desde a infância, estava tão animado que até me assustou, isso porque é todo brincalhão. Acabei vindo com ele porque fique com medo do que poderia acontecer se algo atrapalhasse no caminho já que é um pouco mais de uma hora de viagem da fazenda onde mora e a fazenda desta senhora.
Ouvir as conversas animadas e as historias divertida do passados deles me fez sorrir e curtir este passeio, mamãe falou que era possível eu não gostar de vir pois iria atrapalhar, e ela poderia estar certa, mas a verdade é que eles nem notaram a nossa presença, minha e de Vincente. Acabou que ficamos na cozinha enquanto eles foram passear.

- A verdade é que não estou sozinho, tenho o céu, as plantas, os animais, a beleza de todo este lugar, a minha avó que é uma pessoa divertida e ótima companhia, alem disso tenho Deus. - Ele respirou profundo e continuou. - As vezes gosto de sentar debaixo de uma arvore e olhar para o céu, a maioria das vezes é no final da tarde quando tudo está mais calmo. - Caminhávamos enquanto conversávamos, e nossos braços estavam cruzados um no outro como se fossemos a um passei de época entre um cavalheiro e uma dama. Senti um nervoso no primeiro momento, mas logo relaxei, a verdade é que eu nunca havia ficado tão perto de um homem. Andamos mais devagar e ele me olhou rapidamente pensando no que falar depois de uma longa pausa. - As vezes eu me sinto solitário, gosto muito daqui, mas a verdade é que conversar com alguém da mesma idade, conversar sobre coisas bobas e divertidas, sei lá.
De repente ele ficou sério e foi como se estivesse ali fisicamente, mas não psicologicamente. Então seus olhos focaram e mim novamente e um sorriso sincero apareceu no seu rosto. Não sei o que deu em mim naquele momento, meus olhos decidiram por conta própria parar naqueles lábios observando os lindos dentes brancos. Acabei sorrindo também e meus olhos focaram nos seus por um momento.

A luz do sol refletia na água e formava um pequeno arco iris lindo entre o lago e uma arvore. A pequena cachoeira um pouco distante fazia um barulho que parecia musica para os meus ouvidos e o frescor daquele lugar era... perfeito.
Vincente observando que ali perto havia uma macieira pega duas maçãs maduras e vermelhinhas, entrega uma para mim e a outra dá uma mordida enquanto sorri para mim se sentando ao meu lado na grande pedra. Curioso acaba perguntando um pouco sobre mim e o que eu fazia na fazenda de meu avô. Inquieta e um pouco nervosa respirei fundo e falei.

Conforme eu falava vi os olhos de Vincente brilhar, não sabia o porque, mas toda essa situação me deixou desconfortável só que em um bom sentido. Meu estomago se revirava e meu peito parecia explodir, não sabia o que estava acontecendo comigo.
Acabamos conversando mais um pouco sobre nossas vidas e a fazenda, nem percebemos que já estava anoitecendo. Vincente pegou minha mão e me puxou delicadamente. E assim de mãos dadas voltamos para a casa onde encontramos nossos avós conversando animadamente ainda.
Não sei o que aconteceria nos próximos dias, mas jamais me esqueceria deste dia, jamais.
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